Como mãe e psicóloga, percebo a maternidade como uma experiência vivida de maneira única por cada mulher. Não há um “modo certo” de ser mãe, mas um processo de encontros e desencontros consigo mesma e com o mundo. Desde a gestação, a mulher passa por mudanças físicas, emocionais e existenciais. O nascimento de um filho marca o início de uma nova forma de ser-no-mundo, que pode encanto e exaustão na mesma medida.
Nos primeiros meses, mãe e filho estão profundamente conectados. A atenção constante que o bebê necessita pode fazer a mãe sentir que está se perdendo. Há uma cobrança silenciosa para que a maternidade seja vivida como plenitude e doação total, e o desafio é justamente não se perder de si.
O olhar existencial nos lembra que a maternidade não é so cuidar do filho, mas também cuidar da própria existência. Muitas mães amam seus bebês, mas também sentem falta de si mesmas, da liberdade e do silêncio. E tudo bem. Sentimentos mistos são comuns e válidos. A maternidade pode ser linda e desafiadora ao mesmo tempo – e reconhecer isso traz mais liberdade e menos culpa.
Quando a mulher se entrega completamente a maternidade sem espaço pra si, pode surgir esgotamento e até ressentimentos. O desafio, não é só ser “boa mãe”, mas continuar sendo alguém para além da maternidade. Isso pode significar reservar momentos para si, pedir ajuda, cultivar interesses próprios e lembrar que cuidar de si também é cuidar do filho.
Não há respostas prontas ou modelos ideais. Cada mãe constrói sua maternidade dentro do seu contexto e possibilidades. Permitir-se viver essa experiência com todas as suas cores – amor, cansaço, alegria, solidão desejo de estar perto e necessidade de espaço – é parte de um caminho mais saudável. Afinal, ser mãe não significa deixar de ser mulher, e o bebê não precisa de uma mãe perfeita, mas de uma mãe inteira, humana e presente.
Se a maternidade tem sido um desafio e você sente dificuldade em se reencontrar nesse novo papel, buscar o apoio de um psicólogo pode ajudar a atravessar esse momento com mais leveza e compreensão.
Carolina Catona Bigoni, mãe da Clara. 💙
Psicóloga – CRP 06/78342