"Este é o dia. Esta é a hora, este o momento, isto é quem somos, e é tudo.Perene flui a interminável hora que nos confessa nulos.No mesmo hausto em que vivemos, morreremos.Colhe o dia, porque és ele".
-Fernando Pessoa.
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Fernando Pessoa nos lembra o quanto a vida é perene, passageira, efêmera e que no mesmo momento em que vivemos, podemos morrer.Dentre as perdas que vivenciamos, perder um ente querido é uma das situações mais dolorosas e difíceis de aceitar, principalmente por vivermos em uma cultura em que não se fala de morte. Freud (1917/1953) à partir de suas observações clínicas durante a Primeira Guerra Mundial afirma que o luto profundo é uma reação à perda de alguém que se ama, com esta perda também o interesse pelo mundo externo também se vai, na medida em que este mundo externo evoca a este alguém, Freud utiliza o termo “trabalho de luto”, visto que, perder alguém demanda um processo de elaboração psicológica.Esta difícil fase é marcada por instabilidade emocional, que pode oscilar de acordo com os recursos internos de cada pessoa, seu contexto cultural, religioso, social, dentre outros.O processo do luto envolve um trabalho de simbolizar e elaborar a perda, reencontrar novos caminhos para lidar com o vazio que se instaura, e isso demanda tempo, muita dor e pesar.Sabemos, também, que nem sempre o luto é satisfatoriamente elaborado, em alguns processos podemos identificar um luto patológico ou casos de melancolia, por exemplo.A psicoterapia pode auxiliar na vivência e elaboração dos lutos, ao passo que proporciona um momento de escuta e acolhimento neste momento tão delicado e complexo, permitindo que a pessoa enlutada tenha um espaço de fala e divida sua sobrecarga psíquica, além de poder legitimar sua dor.